Nosso querido autor, Professor Egidio Trambaiolli Neto recebeu mais m depoimento sobre o sucesso do livro "Pinóquio do Asfalto", confira:
"Senhor Egidio
A vida na rua não é fácil. A gente já nasce com o rótulo de bandido, mesmo não sendo. Eu perdi dois irmãos em uma chacina, destas que a polícia faz para tirar pessoas como nós das ruas. Às vezes, a gente dá sorte, às vezes Deus dá uma olhadinha para a gente que vive na rua e resolve dar uma oportunidade. Eu mesma acabei me casando com um homem simples que trabalha em uma casa de materiais de construção. Foi ele que me tirou da rua. Na época da chacina dos meus irmãos, que não eram bandidos mas conheciam bandidos, eu muito fiquei assustada, eu achei que ia morrer. Eu me lembrava daquilo que o povo dizia: diga com quem anda e direi quem você é. Acho que por isso a polícia matou meus irmãos, um deles dizia que ele tinha que ser amigo dos marginais para proteger a gente, ele morria de medo que eu fosse estuprada. Talvez seja porque nossa mãe era uma prostituta e fazia filho direto, acho que viemos ao mundo como um castigo pra ela, meus irmãos morreram pra que ela sofresse, mas acho que não adiantou, não sei por onde ela anda. Ela sumiu. Meu marido é um homem muito bom, ele me ajudou a tirar documentos, me levou pra escola de EJA e eu estou terminando de estudar. Minha professora que me ajuda a escrever bem porque eu ainda faço muitos erros. Sou grata a ela por isso. Nesse mês ela passou pra gente ler alguns livros e eu escolhi o Pinóquio do Asfalto. Fiquei emocionada, chorei muito com a história do pequeno Marcio. Era pra gente ler só um capítulo e mesmo com as minhas dificuldades eu quis ler o livro inteiro. Minha professora falou para nós escrevermos para os autores contando um pouco da nossa história e eu estou aqui fazendo isso, mesmo com muita vergonha porque eu sou pobre e não sei escrever direito. Seu livro está com um outro aluno agora, ele também viveu na rua quando foi abandonado. Espero que o livro ajude esse meu colega de classe também a ver como tem gente que tem bom coração. Eu acho que você é igual essas pessoas que só faz o bem, você tinha que ganhar um prêmio Nobel da paz."
Maria S. Silva
A vida na rua não é fácil. A gente já nasce com o rótulo de bandido, mesmo não sendo. Eu perdi dois irmãos em uma chacina, destas que a polícia faz para tirar pessoas como nós das ruas. Às vezes, a gente dá sorte, às vezes Deus dá uma olhadinha para a gente que vive na rua e resolve dar uma oportunidade. Eu mesma acabei me casando com um homem simples que trabalha em uma casa de materiais de construção. Foi ele que me tirou da rua. Na época da chacina dos meus irmãos, que não eram bandidos mas conheciam bandidos, eu muito fiquei assustada, eu achei que ia morrer. Eu me lembrava daquilo que o povo dizia: diga com quem anda e direi quem você é. Acho que por isso a polícia matou meus irmãos, um deles dizia que ele tinha que ser amigo dos marginais para proteger a gente, ele morria de medo que eu fosse estuprada. Talvez seja porque nossa mãe era uma prostituta e fazia filho direto, acho que viemos ao mundo como um castigo pra ela, meus irmãos morreram pra que ela sofresse, mas acho que não adiantou, não sei por onde ela anda. Ela sumiu. Meu marido é um homem muito bom, ele me ajudou a tirar documentos, me levou pra escola de EJA e eu estou terminando de estudar. Minha professora que me ajuda a escrever bem porque eu ainda faço muitos erros. Sou grata a ela por isso. Nesse mês ela passou pra gente ler alguns livros e eu escolhi o Pinóquio do Asfalto. Fiquei emocionada, chorei muito com a história do pequeno Marcio. Era pra gente ler só um capítulo e mesmo com as minhas dificuldades eu quis ler o livro inteiro. Minha professora falou para nós escrevermos para os autores contando um pouco da nossa história e eu estou aqui fazendo isso, mesmo com muita vergonha porque eu sou pobre e não sei escrever direito. Seu livro está com um outro aluno agora, ele também viveu na rua quando foi abandonado. Espero que o livro ajude esse meu colega de classe também a ver como tem gente que tem bom coração. Eu acho que você é igual essas pessoas que só faz o bem, você tinha que ganhar um prêmio Nobel da paz."
Maria S. Silva